Alergia à leite de vaca

A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é uma das alergias alimentares mais comuns, especialmente em bebês e crianças pequenas. Essa condição ocorre quando o sistema imunológico reage de forma adversa às proteínas do leite de vaca, resultando em uma ampla gama de sintomas. O leite de vaca contém principalmente três proteínas responsáveis pelas reações alérgicas: a caseína e as proteínas do soro, como a beta-lactoglobulina e a alfa-lactoalbumina. Neste artigo, abordaremos as diferenças entre a alergia mediada e não mediada por IgE, a fisiopatologia, os sintomas, o diagnóstico, o tratamento e alguns mitos comuns sobre essa alergia.

Diferença entre APLV IgE Mediada e Não IgE Mediada

A APLV pode ser classificada em duas categorias principais:

APLV IgE Mediada

Neste tipo de alergia, o sistema imunológico produz anticorpos do tipo IgE contra as proteínas do leite. Isso desencadeia uma reação alérgica rápida após a ingestão do leite, com sintomas que podem incluir urticária, inchaço (angioedema), vômitos, diarreia e, em casos graves, anafilaxia. Portanto, é fundamental reconhecer esses sinais precocemente. Além disso, a rapidez da reação pode assustar os pais, exigindo atendimento imediato.

APLV Não IgE Mediada

Na APLV não mediada por IgE, a reação é mais tardia e envolve mecanismos imunes celulares, sem a participação dos anticorpos IgE. Os sintomas podem incluir distúrbios gastrointestinais persistentes, como refluxo, diarreia crônica, constipação e dermatite atópica. Por essa razão, o diagnóstico pode ser mais desafiador. No entanto, com orientação adequada, é possível alcançar um controle eficaz da condição.

Sintomas da APLV

Os sintomas da alergia à proteína do leite de vaca variam dependendo do tipo de resposta imunológica:

  • Sintomas imediatos (IgE mediada): urticária, inchaço dos lábios e olhos, dificuldade respiratória, vômitos e anafilaxia. Em muitos casos, os sintomas surgem logo após a ingestão do leite.
  • Sintomas tardios (não IgE mediada): cólicas abdominais, refluxo, diarreia crônica, constipação, sangue nas fezes e dermatite atópica grave. Além disso, esses sintomas podem comprometer o ganho de peso e o bem-estar da criança. Por isso, o acompanhamento médico contínuo é essencial.

Diagnóstico

O diagnóstico da APLV envolve uma combinação de histórico clínico, exames laboratoriais e testes específicos:

  • Testes cutâneos e IgE sérica: utilizados para identificar anticorpos IgE contra as proteínas do leite.
  • Teste de provocação oral: feito sob supervisão médica para confirmar o diagnóstico. Dessa forma, garante-se a segurança do paciente.
  • Dieta de exclusão: remoção do leite e derivados da dieta, com monitoramento dos sintomas. Em muitos casos, essa abordagem já fornece indícios importantes. Ainda assim, é importante não fazer mudanças alimentares sem orientação profissional.

Tratamento e Dessensibilização

O principal tratamento da APLV é a exclusão do leite de vaca e seus derivados da alimentação. No caso de bebês, recomenda-se o uso de fórmulas hipoalergênicas baseadas em proteínas extensamente hidrolisadas ou aminoácidos. Além disso, a educação da família é essencial para prevenir exposições acidentais.

A dessensibilização oral é um tratamento emergente que visa reintroduzir gradualmente a proteína do leite em pequenas quantidades até que o organismo desenvolva tolerância. Esse procedimento deve ser conduzido por especialistas em alergia. Por ser um método ainda em desenvolvimento, é importante avaliar riscos e benefícios. Ademais, nem todos os pacientes são elegíveis para esse tipo de abordagem.

Perguntas Frequentes

1. Como saber se meu bebê tem APLV?

Se ele apresentar sintomas gastrointestinais frequentes, dermatite atópica ou reações alérgicas após ingerir leite, procure um alergista.

2. A APLV desaparece com o tempo?

Sim, a maioria das crianças supera a alergia até os 3 a 5 anos de idade. Contudo, é necessário acompanhamento médico para monitorar a evolução.

3. O leite de cabra pode substituir o leite de vaca na APLV?

Não, pois as proteínas são semelhantes e podem causar reação alérgica cruzada. Assim, deve-se evitá-lo também.

4. Existe tratamento definitivo para a APLV?

Atualmente, a dessensibilização oral pode ajudar a induzir a tolerância ao leite. No entanto, nem todos os pacientes são candidatos ao procedimento.

5. Posso consumir traços de leite se tiver APLV?

Depende da gravidade da alergia. Pacientes com APLV grave devem evitar até mesmo traços de leite. Em contrapartida, alguns casos leves toleram pequenas quantidades sob orientação médica.

Referências bibliográficas:
ASBAI – Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia
Categories: Alergia alimentar

by Dra. Laira Vidal

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